A RESPONSABILIDADE DA BUSCA – Luciano Subirá

01/05/2019

Vamos ao texto bíblico que expressa muito do coração do cantor de Israel:

UMA COISA PEÇO ao SENHOR e a BUSCAREI: que eu possa MORAR na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para CONTEMPLAR a beleza do Senhor e MEDITAR no seu templo (SI 27.4).

Destaquei as palavras-chave no versículo anteriormente mencionado para ajudar a nossa reflexão e aplicação:

1) uma coisa;
2) peço;
3) buscarei;
4) morar;
5) contemplar;
6) meditar.

PRIORIDADE

Observe a declaração do salmista: UMA COISA peço ao SENHOR. A expressão “uma coisa” indica prioridade. Obviamente havia algo que se destacava das demais coisas para Davi. Ele, como rei, podia ter praticamente o que quisesse, além do fato de que também tinha crédito com Deus. O profeta Natã quando o repreendeu por seu adultério, disse da parte do Senhor:

Dei-lhe casa e as mulheres do seu senhor. Dei-Ihe a nação de Israel e Judá. E, se tudo isso
NÃO FOSSE SUFICIENTE, eu lhe TERIA DADO MAIS AINDA (2Sm 12.8, NVI)

Em outras palavras, Deus estava dizendo o seguinte: “Se lhe faltava alguma coisa que não dei, bastava pedir que você receberia”.

Agora pense comigo. Você pode ter quase tudo o que quiser, mas resolve pedir uma coisa só. Essa coisa precisaria ser bem importante para escolhê-la em detrimento das demais, não é verdade? Quando Davi fala dessa “uma coisa”, quando Jesus fala a Marta sobre essa “uma coisa” e quando Paulo fala que tudo que era lucro se tornou em perda diante dessa “uma coisa”, estão todos falando de uma coisa só.

PETIÇÃO

A frase “Uma coisa PEÇO ao SENHOR” indica a presença de uma petição. Depois de definida a prioridade, o salmista segue falando que pediu isso ao Senhor.

Nossas orações refletem as nossas prioridades e também a nossa dependência de Deus para alcançar o que não conseguiríamos sozinhos. Jesus disse: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Precisamos dele em tudo e para tudo. Até para viver aquilo que o Pai planejou para nós, precisamos da sua graça, dos seus recursos e da sua liderança e intervenção. Portanto, devemos ir à fonte a fim de poder desfrutar dessa bendita “uma coisa”.

BUSCA

Ao mesmo tempo que Davi orava a Deus por isso, ele também estava determinado a buscar essa “uma coisa”. A expressão “e a buscarei” aponta para tal. Isso remete ao entendimento de que há duas partes envolvidas nessa história: a parte de Deus e a nossa parte.

Devemos pedir a ajuda dele sem achar que isso nos isenta da nossa responsabilidade de buscar. Assim como a oracão, a busca em si também é uma ferramenta de aproximação de Deus. E ela ainda garante, pela lei da reciprocidade, que também haverá a aproximação divina em nossa direção. No mesmo salmo, encontramos, no versículo 8, uma frase que mostra uma disposição interior do coração de Davi para buscar a Deus:

Quando disseste “Buscai o meu rosto”; o meu coração te disse a ti: “O teu rosto, SENHOR, buscarei” (Sl 27.8).

Essa busca é uma decisão e também uma atitude do coração. Vale lembrar, também, que há uma forma correta de buscar o Senhor:

Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes DE TODO O VOSSO CORAÇÃO (Jr 29.13)

MORADA

A frase “que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida” indica um coração completamente atraído por um lugar que não era o seu próprio palácio. O que o homem de Deus estava declarando era mais ou menos o seguinte: “Eu não quero encontros ocasionais com a presença divina; quero viver isso todos os dias! Eu não quero a religiosidade; quero é a intimidade e o relacionamento com Deus!”

O anelo de Davi pela casa do Senhor, como já vimos, não é porque houvesse lá algum tipo de atrativo senão a presença de Deus. Nessa época, a presença divina estava reclusa ao ambiente do templo e/ou associada à arca. Quando a arca da aliança voltou a Israel, foi colocada no tabernáculo de Davi. Ela representava a presença do Senhor. Observe esta declaração de Davi:

“Eu amo, SENHOR, o lugar da tua habitação, onde a tua glória habita” (S1 26.8)

O que atraía o servo do Senhor era a própria presença divina, a glória que ali se manifestava. Lembre-se de que o Senhor não deseja apenas que nós o busquemos. Ele deseja que nós queiramos buscá-lo! Esse anseio do homem segundo o coração de Deus é que validava a sua busca. E também é o que irá validar a nossa.

CONTEMPLAÇÃO

A expressão “para contemplar a beleza do SENHOR” indica o propósito pelo qual Davi queria estar todos os dias na casa de Deus. Não se trata apenas de contemplar o que é belo, no caso os atributos divinos. Trata-se de se deixar fascinar por aquilo que podemos contemplar. Este capítulo fala a respeito da fascinação pela presença do Senhor.

O que levava o apóstolo Paulo a declarar “considero tudo como perda por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”(Fp 3.8)? Era a sua fascinação pela pessoa de Cristo. O que era essa grandeza, essa coisa tão superior e sublime diante da qual o resto perdia a importância? Era um lugar, uma dimensão espiritual de fascinação onde ele havia entrado!

MEDITAÇÃO

A frase “e meditar no seu templo” revela um segundo propósito (além da contemplação) pelo qual Davi queria estar todos os dias na casa de Deus. A palavra traduzida por meditar, no original hebraico, é baqar. De acordo com o léxico de Strong, significa “buscar, perguntar, considerar, refletir”. Aparece também em algumas versões bíblicas como inquirir (Almeida Revista e Corrigida) e estudar (Tradução Brasileira). Se olharmos o contexto mais abrangente das traduções dessa palavra, podemos entender um pouco mais a abrangência do seu significado. Em Levítico 13.36, ela é traduzida por procurar, falando do exame que o sacerdote precisava fazer no leproso. Em Levítico 27.33, a tradução dessa palavra é investigar. Em 2 Reis 16.15, a tradução aponta para deliberar. Em Ezequiel 34.11,12, aparece como buscar, falando da ovelha perdida. A soma desses possíveis significados fala de alguém que vai ao santuário de Deus para estudá-lo, examiná-lo, investigá-lo… Todas essas expressões falam de alguém que decidiu procurar conhecê-lo melhor.

Deus quer ser conhecido e tenta se revelar ao homem. Escrevendo aos romanos, Paulo afirmou que a própria criação divina tenta levar o homem nessa direção do conhecimento de Deus:

Porquanto o que de Deus se PODE CONHECER é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, CLARAMENTE SE RECONHECEM, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas (Rm 1.19,20)

Concordam com isso as palavras do salmista:

Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1)

Citei este salmo porque ele é atribuído a Davi. Embora o salmista reconhecesse que é possível conhecer mais desse Deus que deseja ser conhecido, ele não fala apenas de contemplar a criação. Ele fala, no Salmo 27.4, de ir ao santuário, separar um tempo de qualidade na presença daquele que precisamos não somente adorar, mas conhecer!

A. W. Tozer fez uma clara distinção do comportamento da busca dos santos da Antiguidade com os da atualidade: “Hoje, buscamos Deus e paramos de sondá-lo, enquanto os antigos santos buscavam Deus, encontravam-no e continuavam buscando-o mais e mais”.

Jesus nos mandou entrar no quarto e fechar a porta para falar com o Pai em secreto. Se não fizermos isso, a intimidade não vai acontecer. E a intimidade envolve o conhecimento profundo de quem ele é.

Que o nosso coração seja tomado de uma fascinação cada vez maior por Jesus! Que uma santa obsessão por Cristo se aposse de nós!

Texto extraído do livro “Até que nada mais importe”

Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.

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