Jesus, após quarenta dias de jejum no deserto, sentiu fome, não a fome que se compara a pular uma refeição, mas aquela de quem havia queimado as reservas de gordura de seu corpo e agora seu organismo passa ao consumo de tecidos.
Neste momento, Satanás tentou Jesus:
“Jesus, porém, respondeu: — Está escrito: ‘O ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.'” Mateus 4.4
Nesta passagem, Jesus deixa claro que existem dois tipos de alimentos: o espiritual e o natural, também diferencia fome de saciedade e ensina a escolher não satisfazer os anseios do próprio corpo. Este estudo, baseado no livro “A Cultura do Jejum” de Luciano Subirá, explicará verdades a respeito do jejum.
O PRIMEIRO E O ÚLTIMO ADÃO
Adão foi criado com o propósito de reproduzir seres semelhantes a si, que manifestassem a mesma semelhança divina que ele carregava. O pecado, porém, arrancou esse propósito, e por isso, todos os homens se tornaram pecadores por natureza.
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram.” Romanos 5.12
Cristo, entretanto, veio como último Adão. Seu papel não era apenas perdoar os pecados da humanidade, mas cumprir a vontade de Deus e criar a partir dele uma linhagem que fosse semelhante a Deus.
“Se a morte reinou pela ofensa de um e por meio de um só, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os seres humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.” Romanos 5.17-19
O pecado original de Adão, ao desobedecer a Deus, envolvia comida. E Jesus, primeiramente, foi tentado também com comida. A proposta por trás desse alimento era a desobediência.
A queda de Adão levou à necessidade de redenção, a tentação de Jesus visava comprometer a redenção que havia sido disponibilizada.
Jesus foi fiel e declarou que
“O ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4.4
DOIS TIPOS DE ALIMENTOS
“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” João 3.6
O ser humano é um ser natural, portanto, precisa de alimento natural para a sobrevivência.
“Os alimentos são para o estômago, e o estômago existe para os alimentos.” 1 Coríntios 6.13
O nascimento espiritual, novo nascimento, torna o homem um ser espiritual, que necessita de alimento espiritual para a existência.
“Como crianças recém-nascidas, desejem o genuíno leite espiritual, para que, por ele, lhes seja dado crescimento para a salvação.” 1 Pedro 2.2
Cada um dos alimentos possui valor e propósito, o alimento natural, além de necessário, é uma dádiva, mas é necessária a percepção de que o alimento espiritual é igualmente essencial. A comida espiritual significa não viver só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Trata-se de mais do que ler a Bíblia e meditar nela, mas andar em obediência à Palavra.
O natural pode facilmente concorrer com o espiritual, é tão simples descuidar e deixar que o alimento distraia a ponto de perder a percepção daquilo que é espiritual.
“A parte que caiu entre espinhos, estes são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com as preocupações, as riquezas e os prazeres desta vida; os seus frutos não chegam a amadurecer.” Lucas 8.14
Os prazeres da carne não são necessariamente pecados, mas coisas lícitas que são capazes de afastar o cristão de Cristo.
FOME X SACIEDADE
“Bem-aventurados são vocês que agora têm fome, porque serão saciados.” Lucas 6.21
Jesus não fala da fome e da saciedade de maneira literal, mas sim que a fome pelas coisas espirituais leva à saciedade espiritual. Mas aquele que está farto, sem apetite pelas coisas espirituais, acabará passando fome.
Aquele que enche sua alma de coisas do mundo natural não encontrará espaço para o apetite espiritual.
“Tenham o cuidado de não se esquecer do Senhor, seu Deus, deixando de cumprir os seus mandamentos, os seus juízos e os seus estatutos, que hoje lhes ordeno. Não aconteça que, depois de terem comido e estarem fartos, depois de haverem edificado boas casas e morado nelas; depois de se multiplicarem o seu gado e os seus rebanhos, e aumentar a sua prata e o seu ouro, e ser abundante tudo o que vocês têm, se eleve o seu coração e vocês se esqueçam do Senhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito, da casa da servidão.” Deuteronômio 8.11-14
Quanto maior a busca pelo Senhor, maior a fome; a partir do momento em que as coisas naturais ocupam o coração, roubam o trono daquele que deve ser o centro. É preciso viver em busca constante, e só assim a fome será constante.
A ABSTINÊNCIA
“O Espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que eu lhes tenho falado são espírito e são vida.” João 6.63
Para uma vida espiritual intensa, essa é a chave! Viver pelo Espírito!
A privação de alimento tem a ver com humilhação (Daniel 10.12; Salmos 35.13) e também com fome. Cristo, ao citar que “o ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”, estava em um contexto em que tinha imposto sobre si mesmo humilhação e fome mediante um jejum de 40 dias. Existe poder por trás do jejum.
“Nosso espírito é fortalecido na proporção em que a carne é enfraquecida. O controle dos fortes apetites da carne, possuem a voz mais apelativa em nós, será uma excelente disciplina, que muito contribuirá para o aprendizado da vida no Espírito. No jejum, quando aprendemos a dizer não a um apetite, do qual depende a nossa sobrevivência, estaremos, certamente, entrando no caminho do domínio próprio de outras inclinações.” Valnice Milhomens
Revista-se do Espírito, o Senhor deseja te levar a níveis mais profundos que só serão alcançados através da fome espiritual. Corresponda ao chamado de Cristo.
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