NATURAL, CARNAL E ESPIRITUAL – Luciano Subirá

16/11/2021

Há nomenclatura bíblicas que podem ser usados para indicar fases de crescimento maturidade atente para as palavras que Paulo entregou em sua primeira carta aos coríntios:

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?

1 Coríntios 2.14-16 / 3:1-3

O apóstolo faz referência a homem natural, carnal e espiritual. Vamos tentar entender cada um desses adjetivos e o porquê de Paulo fazer a distinção classificatória:

Natural

A palavra grega traduzida como natural é psuchikos e significa, de acordo com Strong: “de ou que faz parte da respiração; que tem a natureza e características daquilo que respira; o principal da vida animal, o que os seres humanos têm em comum com os animais; governado pela respiração; a natureza sensual com sua dependência dos desejos e das paixões”. Alguns acreditam que psíquico, termo usado no original, indica o homem entregue à sua psiquê, à sua mente, à sua razão, mas essa mera definição colocaria qualquer um de nós, cristãos ou não, na mesma condição — já que todos nos movemos racionalmente. Contudo, diante da afirmação de Cristo a Nicodemos de que não se pode ver o Reino de Deus sem nascer de novo (Jo 3.3), muitos, com os
quais eu, pessoalmente, concordo, optam pela definição de “homem natural” como alguém sem Cristo, um não convertido, ainda alheio ao Reino do Senhor — que é espiritual. Isso mostra que, se o homem não tem a Vida (Jesus) no plano espiritual, ele vive apenas naturalmente, é apenas homem “psíquico”.

Carnal

Aqui se faz menção a alguém já convertido, porém não desenvolvido espiritualmente. Isso fica evidente em I Coríntios 3.1, quando Paulo afirma: “Não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, corno a crianças em Cristo”. Há uma relação entre as expressões carnais e crianças em Cristo: ambas tratam de quem foi regenerado, mas não abandonou a infância espiritual. Consequentemente, ainda se alimenta de leite, quando já deveria viver e digerir bem o alimento sólido.

Espiritual

As verdades profundas da Palavra de Deus não podem ser plenamente entendidas com a razão, com nossa psiquê. Esse é o motivo de Paulo afirmar que elas se discernem espiritualmente. Os espirituais são aqueles que já cresceram e se desenvolveram a ponto de terem as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal (Hb 5.14). Drummond Lacerda, no livro Fora do Alcance das Crianças — A Plenitude de Deus Está Esperando Você Crescer, declara: “Ao inferir que os carnais são meninos, Paulo está dizendo-nos, de forma implícita, que
os espirituais são os maduros”.
Portanto, as palavras natural, carnal e espiritual indicam fases distintas:
O natural ainda precisa converter-se. O carnal já se converteu, mas necessita crescer e desenvolver-se
espiritualmente. O espiritual aprendeu a andar não mais segundo a carne, mas sob o domínio e a liderança de seu espírito, cheio do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

Para facilitar o entendimento, cito mais uma vez Kenneth Hagin e seu livro Crescendo Espiritualmente:

“O homem natural é aquele que ainda não passou da morte para a vida. Não nasceu de novo; não foi recriado; nunca se tornou uma nova criatura em Cristo Jesus. O homem carnal é uma nova criatura, pois nasceu de novo, mas jamais se desenvolveu, nem cresceu. A triste verdade é que o homem carnal pode ficar nessa condição durante toda a sua vida. Talvez nunca passe da etapa da primeira infância na sua condição de nova criatura. É governado pelo seu corpo, pelos sentidos, não pelo seu espírito. O homem espiritual é aquele que se desenvolveu nos aspectos divinos. Seu espírito conquistou o domínio sobre seus processos intelectuais e conseguiu o controle sobre o seu corpo e seus sentidos físicos. Deus o governa por meio da Palavra”.

Não importa como denominamos cada fase, o fato é que elas existem e precisam ser compreendidas. Se as Escrituras não optaram por termos únicos, penso que temos a liberdade de alternar entre os sinônimos. Melhor do que encontrar a nomenclatura perfeita é entender cada estágio, saber localizar em qual estamos — e em qual estão aqueles a quem Deus nos o cuidado —, para, a partir disso, trabalhar com a dieta correta, rumo à maturidade.

Novamente, recorro às palavras de Drummond Lacerda:

“Enquanto não houver o diagnóstico, nenhum remédio deverá ser ministrado ao doente. A cura começa com o reconhecimen to. A maturidade também pode começar quando conseguimos enxergar onde estamos sendo imaturos. Deixar Deus nos mostrar onde estamos em nossa maturidade é importante para que possamos crescer”.

Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.

 

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